sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Secretaria Estadual de Saúde divulga algumas informações sobre a vacina contra o HPV para meninas

  • Como a vacina contra HPV funciona?
Estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença destes anticorpos no local da infecção e a sua persistência durante um longo período de tempo.

  • A vacina contra HPV pode causar infecção pelo vírus? Como ela é feita?
Não. No desenvolvimento da vacina quadrivalente conseguiu-se identificar a parte principal do DNA do HPV que o codifica para a fabricação do capsídeo viral (parte que envolve o genoma do vírus). Depois, usando-se um fungo (Sacaromices cerevisiae), obteve-se apenas a “capa” do vírus, que em testes preliminares mostrou induzir fortemente a produção de anticorpos quando administrada em humanos. Essa “capa” viral, sem qualquer genoma em seu interior, é chamada de partícula semelhante a vírus (em inglês, vírus like particle – VLP). O passo seguinte foi estabelecer a melhor quantidade de VLP e testá-la em humanos, na prevenção de lesões induzidas por HPV. Para que não haja dúvidas sobre o poder não infeccioso das VLP, imagine-se o seguinte: um mamão inteiro, com um monte de sementes (material genético) no seu interior, ao cair em um terreno fértil originará um (ou mais) mamoeiro. Mas, se todas as sementes forem retiradas do interior do mamão, mesmo que plantado em um bom terreno, jamais nascerá um pé de mamão. No caso das VLP, elas imitam o HPV, fazendo com que o organismo identifique tal estrutura como um invasor e produza contra ele um mecanismo de proteção.


  • Qual vacina contra o HPV será oferecida no SUS?
O Ministério da Saúde adquiriu a vacina quadrivalente papilomavírus humano (recombinante) composta pelos tipos HPV 6, 11, 16 e 18. A produção nacional da vacina HPV será resultado da parceria para transferência de tecnologia entre o laboratório público Instituto Butantan e o laboratório privado MerckSharpDohme (MSD), detentor da tecnologia.
Estudos demonstram que a eficácia da vacina para as lesões intraepiteliais cervicais de alto grau associadas ao HPV 16 é de 96% e para as lesões associadas ao HPV 18 em meninas sem contato prévio com HPV é de 90%.
É importante esclarecer que na rede pública só estará disponível a vacina quadrivalente.

  • As adolescentes podem tomar a vacina sem a autorização dos pais?
Em toda a atenção à saúde de adolescentes deve ser levada em consideração os fundamentos da ética, privacidade, confidencialidade e sigilo. Esses princípios reconhecem os adolescentes (na faixa etária de 10 a 17 anos de idade) como sujeitos capazes de tomarem decisões de forma responsável. Nesse sentido, não há necessidade de autorização dos pais ou responsáveis para receber qualquer vacina nos postos de saúde.
No entanto, por se tratar de uma importante ação de saúde pública aqueles pais que se recusarem a permitir que seus filhos sejam vacinados nas escolas deverão preencher o Termo de Recusa de vacinação contra HPV e enviar para a escola durante o período em que o ocorrer a vacinação nestas localidades.  Os pais receberão uma comunicação da escola e secretaria de saúde municipal informando sobre o período em que será realizada a vacinação assim como o local ( escola ou unidade básica de saúde). 

  • Por que se estabeleceu a faixa etária de 9 a 13 anos para a vacinação?
Nas meninas entre 9 a 13 não expostas aos tipos de HPV 6, 11, 16 e 18, a vacina é altamente eficaz, induzindo a produção de anticorpos em quantidade dez vezes maior do que a encontrada em infecção naturalmente adquirida num prazo de dois anos.
A época mais favorável para a vacinação é nesta faixa etária, de preferência antes do início da atividade sexual, ou seja, antes da exposição ao vírus.
Estudos também verificaram que nesta faixa etária a vacina quadrivalente induz melhor resposta quando comparada em adultos jovens, e que meninas vacinadas sem contato prévio com HPV têm maiores chances de proteção contra lesões que podem provocar o câncer uterino.

  • Quantas doses são necessárias para a imunização?
O esquema completo de vacinação é composto de três doses. O esquema normal da vacina (0, 2 e 6 meses) é 1ª dose, 2ª dose após dois meses e 3ª dose após seis meses.
No entanto, o Ministério da Saúde irá adotar o esquema estendido (0, 6 e 60 meses): 1ª dose, 2ª dose seis meses depois, e 3ª dose após cinco anos da 1ª dose.

  • Por que foi adotado o esquema estendido de vacinação?
O Ministério da Saúde adotará o esquema vacinal estendido, composto por três doses (0, 6 e 60 meses), a partir da recomendação do Grupo Técnico Assessor de Imunizações da Organização Pan-Americana de Saúde (TAG/OPAS), após aprovação pelo Comitê Técnico Assessor de Imunizações do PNI.
Até maio de 2013, a vacina HPV havia sido introduzida em 51 países como estratégia de saúde pública. As experiências de implantação da vacina HPV têm mostrado variações quanto à escolha e administração das vacinas. Estudos clínicos randomizados são realizados para avaliar a resposta imune da vacina HPV com esquemas vacinais alternativos, tanto com ampliação do intervalo entre as doses, quanto com a redução do número de doses. Os estudos de imunogenicidade com duas doses da vacina quadrivalente no grupo de meninas de 9 a 13 anos em comparação com três doses no grupo de mulheres jovens de 16 a 26 anos, mostraram que o critério de não inferioridade foi observado, havendo inclusive maiores títulos de anticorpos no primeiro grupo. Outro ponto interessante se refere ao fato de que quanto maiores os intervalos entre as primeiras duas doses de vacina quadrivalente, maiores são os títulos de anticorpos obtidos imediatamente antes da terceira dose, o que pode resultar em resposta imunológica mais robusta em adolescentes e adultos jovens.
O esquema estendido já foi adotado por países como Canadá (Quebec e British Columbia), México, Colômbia e Suíça.

Vantagens do esquema vacinal estendido
- O esquema estendido seguirá a recomendação do TAG emitida em julho de 2013 e já adotada por países como Canadá (Quebec e British Columbia), México, Colômbia e Suíça;
- Com a adoção desse esquema, será possível ampliar a vacinação do grupo alvo inicialmente proposto de adolescentes de 10 a 11 anos, para adolescentes de 9 a 13 anos de idade, oportunizando, assim, o acesso à vacinação a mais três faixas etárias;
- O maior intervalo entre a segunda dose e a terceira pode resultar em resposta imunológica mais robusta entre as adolescentes;
- Nos cinco primeiros anos serão administradas duas doses, o que aumenta a adesão ao esquema vacinal e, consequentemente, o alcance das coberturas vacinais preconizadas; e,
Um maior intervalo entre a primeira e segunda dose e a realização da vacinação contra HPV não concomitante com campanhas de vacinação contra influenza e poliomielite reduzirá a carga de trabalho das equipes de vacinação e propiciará melhor atendimento aos usuários, havendo maior chance de obtenção de altas coberturas vacinais sem impactar nas coberturas das demais vacinas.

  • A vacina é administrada por via oral ou é injeção?
É por via intramuscular – injeção de apenas 0,5 mL em cada dose.

  • Meninas que já tiveram diagnóstico de HPV podem se vacinar?
Sim. Existem estudos com evidências promissoras de que a vacina previne a reinfecção ou a reativação da doença relacionada ao vírus nela contido.

  • Em quanto tempo são esperados os efeitos da vacinação na redução das lesões, da incidência do câncer do colo do útero e na mortalidade pela doença?
Os efeitos na redução da incidência do câncer do colo do útero e da mortalidade pela doença serão observados em longo prazo, em torno de dez a quinze anos após o início da vacinação. No caso das verrugas genitais, que possuem período de incubação curto, é possível verificar o efeito em menor tempo. Na Austrália, país que implantou a vacina HPV quadrivalente em 2007, após quatro anos foi observada redução significativa das verrugas genitais, com seu quase desaparecimento em mulheres menores de 21 anos.

  • Por que a vacina contra HPV não será introduzida para todas as mulheres?
A vacina é potencialmente mais eficaz para adolescentes vacinadas antes do seu primeiro contato sexual, uma vez que a contaminação por HPV ocorre concomitantemente ao início da atividade sexual.
O impacto da vacinação, em termos de saúde coletiva, só se dá pelo alcance de altas coberturas vacinais, portanto, para se atingir o objetivo de reduzir a incidência do câncer de colo de útero nas próximas décadas, o SUS deve concentrar seus esforços na vacinação na população alvo definida para se atingir a meta de redução da morbimortalidade por câncer de colo de útero na população brasileira.

  • Alguns pesquisadores defendem a vacinação de meninos. Por que o Ministério da Saúde não incluiu os homens na estratégia de vacinação?
Como o objetivo desta estratégia de vacinação é reduzir casos e mortes ocasionados pelo câncer de colo uterino, a vacinação será restrita ao sexo feminino.
Estudos comprovam que os meninos passam a ser protegidos indiretamente com a vacinação no grupo feminino (imunidade coletiva ou de rebanho), havendo drástica redução na transmissão de verrugas genitais entre homens após a implantação da vacina HPV como estratégia de saúde pública.

  • É necessário fazer o exame para pesquisa de HPV antes de tomar a vacina?
Não. A realização dos testes de DNA HPV não é condição prévia ou exigência para a vacinação.

  • A proteção dura a vida toda?
A duração da imunidade conferida pela vacina ainda não foi determinada, principalmente pelo pouco tempo em que é comercializada no mundo (2007). Até o momento, só se tem convicção de 9,4 anos de proteção. Na verdade, embora se trate da mais importante novidade surgida na prevenção à infecção pelo HPV, ainda é preciso aguardar o resultado dos 16 estudos em andamento em mais de 20 países para delimitar qual é o seu alcance sobre a incidência e a mortalidade do câncer de colo do útero, bem como fornecer mais dados sobre a duração da proteção e necessidade de dose(s) de reforço.

  • A vacinação contra HPV substituirá o exame de Papanicolaou?
Não. É importante lembrar que a vacinação é uma ferramenta de prevenção primária e não substitui o rastreamento do câncer do colo do útero em mulheres na faixa etária entre 25 e 64 anos. Assim, as meninas vacinadas, só terão recomendação para o rastreamento quando atingirem a faixa etária preconizada para o exame Papanicolaou e já tiverem vida sexual ativa.
É imprescindível manter a realização do exame preventivo (exame de Papanicolaou), pois as vacinas protegem apenas contra dois tipos oncogênicos de HPV, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Ou seja, 30% dos casos de câncer causados pelos outros tipos oncogênicos de HPV vão continuar ocorrendo se não for realizada a prevenção secundária, ou seja, pelo rastreamento (exame Papanicolaou).

  • Mesmo vacinada será necessário utilizar preservativo durante a relação sexual?
Sim, pois é imprescindível manter a prevenção contra outras doenças transmitidas por via sexual, como HIV, sífilis, hepatite B, etc.
Uma pessoa vacinada ficará protegida contra alguns tipos de HPV contidos na vacina: na vacina bivalente contra os HPVs 16 e 18 e na vacina quadrivalente contra os HPVs 6, 11, 16 e 18.
No entanto, existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, dos quais 40 podem infectar o trato genital. Destes, 12 são de alto risco e podem provocar câncer (são oncogênicos) e outros podem causar verrugas genitais.

  • A vacina contra HPV pode ser administrada concomitantemente com outra vacina?
A vacina HPV pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação do PNI, sem interferências na resposta de anticorpos a qualquer uma das vacinas. Quando a vacinação simultânea for necessária, devem ser utilizadas agulhas, seringas e regiões anatômicas distintas.

  • A vacina contra HPV provoca algum efeito colateral (evento adverso)?
A vacina contra HPV é uma vacina muito segura, desenvolvida por engenharia genética, com a ocorrência de eventos adversos leves como dor no local da aplicação, inchaço e eritema. Em raros casos, pode ocasionar dor de cabeça, febre de 38ºC ou mais e síncope (ou desmaios).
A síncope mais frequente em adolescentes e adultos jovens é a Síncope Vasovagal, particularmente comum em pessoas com alguma particularidade emocional. Geralmente, há algum estímulo desencadeante como dor intensa, expectativa de dor ou um choque emocional súbito. Vários fatores, tais como jejum prolongado, medo da injeção, locais quentes ou superlotados, permanência de pé por longo tempo e fadiga, podem aumentar a probabilidade de sua ocorrência.
É importante ressaltar que a ocorrência de desmaios durante a vacinação contra HPV não está relacionada à vacina especificamente, mas sim ao processo de vacinação, que pode acontecer com a aplicação de qualquer produto injetável (ou injeção).

  • O que fazer caso sinta alguns desses sintomas após ser vacinado contra o HPV?
Procurar uma unidade de saúde mais próxima relatando o que sentiu ou o que está sentindo.
Recomenda-se que a adolescente permaneça sentada por 15 minutos, sem fazer movimentos drásticos, e não praticar esportes para prevenir possíveis ocorrências de síncopes.

  • Há algum registro de ocorrência de evento grave por decorrência da vacina?
O uso da vacina HPV está embasado em estudos científicos de eficácia e segurança. Eventos adversos pós-vacinação (EAPV) associados à vacina podem ocorrer, porém a maioria destes são leves e benignos Até o momento não há conhecimento de nenhum efeito colateral grave relacionado à vacinação contra HPV..

  • A vacina contra HPV causa má formação genética ou congênita aos bebês (efeito teratogênico)?
Até a presente data não existe qualquer relato sobre dano para o feto caso a mulher engravide no curso de esquema vacinal contra HPV.
No entanto, por precaução recomenda-se que uma pessoa que queira engravidar em seguida a administração das doses de vacina contra HPV espere, pelo menos, um mês após a aplicação da dose. Havendo gravidez entre os intervalos das doses o médico assistente deve ser avisado.
Fazendo uma correlação com outra vacina fabricada com os mesmos princípios (partículas semelhante a vírus) e que apresenta uma vasta experiência de utilização, a vacina contra hepatite B, o esperado é que nada de mal ocorra para o bebê. Hoje a vacinação contra hepatite B é recomendada a todas as mulheres grávidas, em qualquer período gestacional. Todavia, como as infecções não são idênticas como a vacina ainda tem pouco tempo de uso, recomenda-se evitar a vacinação contra HPV em mulheres grávidas, pelo menos até que tudo fique bem documentado.

  • Em quais situações a vacina contra o HPV não deve ser administrada?
- A vacina HPV é contraindicada e, portanto, não deve ser administrada nas adolescentes:
Com hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer um dos excipientes da vacina (ver composição na questão 62);
- Com história de hipersensibilidade imediata grave a levedura; ou,
- Que desenvolveram sintomas indicativos de hipersensibilidade grave após receber uma dose da vacina HPV.
- Gestantes, uma vez que não há estudos conclusivos em mulheres grávidas até o presente momento. Se a menina engravidar após o início do esquema vacinal, as doses subsequentes deverão ser adiadas até o período pós-parto. Caso a vacina seja administrada inadvertidamente durante a gravidez, nenhuma intervenção adicional é necessária, somente o acompanhamento pré-natal adequado.

Observação: A vacina quadrivalente pode ser administrada em lactantes (mulheres em fase de amamentação), pois as informações disponíveis não demonstram nenhum efeito prejudicial.

  • A vacina contra HPV tem reação cruzada com outros tipos de HPV que não estão incluídos na vacina? Ou seja, tomando vacina contra uns tipos de HPV fica também protegida para outros?
Como os estudos das vacinas HPV não foram desenhados para analisar proteção contra outros tipos, não havendo ajuste para múltipla infecção, todos os dados de proteção cruzada devem ser interpretados com cautela e como possível ganho adicional. A vacina de HPV parece exibir proteção cruzada parcial contra outros tipos filogeneticamente relacionados aos HPVs 16 e 18, devendo ser visto como um benefício que talvez possa ocorrer em alguns indivíduos.
No entanto, de acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, apesar de haver proteção cruzada para ambas as vacinas, bivalente ou quadrivalente, os estudos existentes ainda não conseguiram determinar a relevância clínica, tampouco a duração dessa proteção.

  • Como uma pessoa pode saber se tem anticorpos contra o HPV?
Ainda não existem, de forma comercial e rotineira, esses exames para uso na prática médica. Os pesquisadores usam a dosagem de anticorpos em avançados centros de pesquisa e apenas em indivíduos voluntários que participam de pesquisas em vacinas contra HPV.

Fonte: http://www.saude.rs.gov.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário