quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A contadora Meire Poza citou políticos que teriam estado com o doleiro Alberto Youssef, entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)

     Em depoimento à CPI Mista que investiga irregularidades na Petrobras, encerrada há pouco, a contadora Meire Poza citou políticos que teriam estado com o doleiro Alberto Youssef, entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

     Por meio de nota de sua assessoria, Renan Calheiros reitera que não conhece Alberto Youssef e que só soube da existência dele por meio da imprensa. "O senador, portanto, reafirma que nunca esteve, agendou conversas e nunca ouviu falar de Alberto Youssef e de sua contadora", diz a nota.

     Segundo Meire, Youssef buscava apoio do senador para que os fundos de pensão dos Correios e da Caixa Econômica Federal (Postalis e Funcef) investissem R$ 50 milhões em uma de suas empresas, a Marsans Brasil. Ainda de acordo com a contadora, o encontro ocorreu no dia 12 de março, segundo lhe teria confidenciado o próprio doleiro. Antes disso, Youssef já "teria acertado R$ 25 milhões da ponta do PT” para saldar dívidas de sua empresa.

     - A pessoa do Postalis [fundo de pensão dos Correios] nomeada pelo PT já havia resolvido e faltava a ponta do PMDB - disse a contadora.

     No dia 14 de março, o doleiro disse a ela que já tinha resolvido a questão por completo, ainda segundo o depoimento da contadora.

     - Eu estive com Youssef no café da manhã no dia 14. Ele afirmou ter vindo a Brasília dois dias antes e ter resolvido com o PT a aprovação da operação. Ele também disse ter conversado com Renan para acertar a ponta que era do PMDB e que até o fim do mês a operação com o Postalis iria sair. Que seria R$ 25 milhões da Postalis e mais R$ 25 milhões que seriam aportados pela Funcef, mas eu não tenho conhecimento como foi esse acordo com a Funcef. Também não tenho conhecimento de como foi o acordo com o PMDB e com o PT - contou Meire.

     Segundo a contadora, os aportes não saíram porque cinco dias depois do encontro com Renan Calheiros, Youssef foi preso pela Polícia Federal.

Outros políticos

     Além de Renan Calheiros, Meire Poza citou outros políticos que teriam envolvimento com Youssef. De acordo com a contadora, o deputado Luiz Argôlo (SD-BA) recebeu de presente do doleiro Alberto Youssef um helicóptero no valor de R$ 800 mil. Ela afirmou ainda que fez pagamentos para familiares de parlamentares, entre eles André Vargas (sem partido-PR).

     - Fiz pagamento para o deputado André Vargas, que depois eu soube que era do jatinho (emprestado pelo Youssef para uma viagem ao Nordeste), para familiares do Luiz Argôlo e outros pagamentos que eu não sei quem são as pessoas - disse.

     Vargas, que se desfiliou do PT, e Argôlo, que tentou reeleger-se na última eleição, respondem a processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

     Outro citado foi o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte.

     - Eu tive contato também com o Mário Negromonte. Quando o Alberto (Youssef) deu de presente o restaurante para a namorada, sempre íamos lá para prestigiar - disse Poza.

     O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) afirmou que está claro o desvio de recursos públicos.

     - Não tem como ter dúvida de que se trata de roubo do dinheiro público, com o tráfico de influência desses poderosos, e que depois volta sob a forma de propina, seja dando Land Rover, dando helicóptero, seja pagando jatinho - apontou.

Fonte: Agência Senado

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