segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Uma rápida leitura das urnas

     Deixando de lado as trocas de acusações entre os candidatos postulantes aos cargos de governador do RS e presidente do Brasil, os políticos, eleitos ou não, devem fazer uma leitura das urnas nestas eleições. O povo deixou o seu recado.

     Rio Grande do Sul
     Aqui em nosso estado os eleitores deixaram claro que não estavam satisfeitos com o atual governo, quer seja por algumas promessas não cumpridas, principalmente no caso dos professores que não viram o piso salarial ser adotado pelo estado; pelo abandono das estradas estaduais; ou ainda pela situação financeira do estado, que segundo alguns especialistas está quase saindo do controle. Mas talvez o que mais pesou na decisão dos gaúchos, principalmente na reta final, foram os escândalos envolvendo a sigla do atual governador, tanto em nível nacional quanto regional (Petrobrás e Pronaf). A diferença de 22,42% entre o candidato atual e o que foi eleito retrata com segurança a desaprovação do atual governo pelo povo gaúcho.

     Diferentemente de outros estados, o Rio Grande do Sul parece ser mais radical quando o assunto é reeleição de governador, não perdoando deslizes de qualquer natureza,deixando isso bem claro nas urnas. Foi assim com o governo atual e com tantos outros antecessores a esse. Fica aí a dica para o governador eleito, pois se quiser quebrar esse tabu terá de fazer bem mais do que as promessas de campanha.

Brasil
     No caso da disputa pela presidência do Brasil, a eleição foi mais acirrada, com uma diferença de apenas 3,28%, ou como gostam de dizer os famosos institutos de pesquisa, ficaram empatados dentro da margem de erro.

O recado das urnas foi para os dois candidatos.

Aécio Neves
O brasileiro, apesar de querer mudanças, disse ao candidato que saiu derrotado nesta eleição, que ele não foi bem claro nas suas propostas de mudança. O eleitor indeciso, que foi chave nesta eleição, parece que ficou um pouco desconfiado da capacidade de o candidato ter condições de realizar as propostas. O eleitor está ressabiado de promessas futuristas. Um outro fator que pode ter influenciado na decisão, foram as denúncias (verdadeiras ou não) sobre o tal aeroporto, o nepotismo no governo de Minas e o desempenho fraco de algumas prefeituras e governos estaduais sob o comando do PSDB ou coligados.

Dilma Roussef
     Mesmo saindo vitoriosa dessa eleição, a presidente deve analisar o recado das urnas, onde um grande número de eleitores não avalizou o seu governo, podemos até arriscar em dizer que quase metade do Brasil não queria que ela continuasse no cargo. Esse resultado reflete o momento que nosso país está passando, sendo bombardeado com escândalos e mais escândalos envolvendo políticos aliados do atual governo federal. Um governante que vê seu mandato sendo questionado por quase metade dos eleitores, deve parar e fazer uma análise profunda sobre a situação, alguma coisa deve estar errada. O povo brasileiro está insatisfeito com a maneira que está sendo tratada a saúde, a violência, a educação e outros setores do governo. Tem coisas boas no atual governo, não fosse assim não teria sido reeleito, mas algumas mudanças precisam ser tomadas. Espera-se que o discurso sobre o combate à corrupção e a punição exemplar dos envolvidos não fique apenas como promessa de campanha.

O recado mais importante
     Acreditamos que o recado mais importante dessas eleições não está nos votos dos candidatos eleitos ou não, mas no total de votos brancos e nulos e nas abstenções, que retratam uma posição de quem já está desapontado com a política e com os políticos.

     No Rio Grande do Sul foram 18,19% de abstenção, 3,12% de votos brancos e 4,97% de votos nulos, totalizando 26,28% de votos inválidos. No Brasil foram 21,10% de abstenção, 1,71% de votos brancos e 4,63 de votos nulos, totalizando 27,44% de votos inválidos. Ou seja, a eleição poderia ter outro rumo.

     Os políticos brasileiros, para as próximas eleições, devem fazer uma análise sobre esses números e tentar trazer de volta esse pessoal que está muito desiludido com a nossa atual política. Aquele partido que conseguir essa façanha já pode se considerar um vitorioso antes mesmo dos resultados oficiais da eleição.

A leitura negativa
     O ponto negativo dessa eleição ficou por conta do baixo nível das campanhas, onde as ofensas, denúncias e trocas de acusações foram mais importantes do que apresentação de propostas de governo, tanto no primeiro quanto no segundo turno. Talvez esse também tenha sido o motivo para alguns resultados dessa eleição. As redes sociais mais pareciam uma lavagem de roupa suja entre simpatizantes desse ou daquele candidato. Acreditamos que muitas amizades ficaram balançadas por causa de algumas postagens ou comentários mais inflamados.

     Outro ponto negativo, e que vem aumentando consideravelmente a cada eleição, é a sujeira que fica pelas ruas, principalmente às vésperas do pleito. Algumas mudanças na lei eleitoral pode resolver essa questão, através de punição exemplar ao candidato que emporcalha nossas ruas. Mas o maior juiz é ainda o eleitor, bastando não votar em quem pratica esse péssimo exemplo.

     O gaúcho radicalizou apostando numa mudança geral de governo, já o brasileiro, resolveu dar mais uma chance a atual presidente, mas nas entrelinhas enviou uma mensagem: «não estamos totalmente contentes».

     Espera-se que realmente a presidente Dilma cumpra com o que foi dito em sua campanha e faça um governo totalmente novo.

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