quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Meu Voto é Indígena - Artigo de José Antônio Santos Oliveira

     O período que antecede uma eleição é permeado de paixões, e também de reflexões e avaliações de desempenho dos políticos e análise dos que se candidatam.

     Como sou um cidadão comum, mas que goza do privilégio de deixar algumas palavras neste veículo de comunicação, e, diga- se de passagem, diferenciado pela isenção e caráter democrático, me sinto na obrigação de declarar meu voto para o legislativo do nosso estado.
     Voto em uma liderança indígena, professor e doutorando em educação por ser uma das formas possíveis de agradecer pela terra que ocupamos, pela contribuição à nossa cultura gaúcha, e se redimir pelos danos e sacrifícios impostos a estes seres originários e que muito ainda tem a nos ensinar. Civilizados são estes nossos irmãos e predadores somos nós, com nossa visão consumista e antropofágica em relação a natureza.

     Segundo o IBGE, temos uma população de 900.000 indígenas de 305 etnias e falando 274 idioma. Sendo o maior contingente no Norte, com aproximadamente 342,8 mil e o menor no Sul com 78,8 mil. O país tem 505 terras indígenas que representam 12,5% do território brasileiro, residindo nestas áreas aproximadamente 517,4 mil indivíduos, 57,7% da população total.

     Sobre a escolarização, sabemos que a população indígena tem um nível de escolaridade muito abaixo da população não indígena e com o maior percentual de analfabetismo nas áreas rurais, algo em torno de 76,7 % contra 87,1% dos não indígenas.

     Segundo a Prof. Dra. Vera M. L. Catalão, no Programa Conexão Futura, da TV Futura, temos 2.830 escolas indígenas, e, praticamente, todas criadas por demandas das comunidades, sendo estas exclusivas e não escolas rurais. Há 1.500 professores indígenas em formação, mas ainda carecemos de um programa pedagógico especifico para a educação indígena de conformidade com a cultura e com as comunidades espraiadas pelos rincões do Brasil. No censo de 2010, ficou identificado 8.000 estudantes indígenas cursando o Ensino Superior, 246.000 estudantes no Ensino Básico e 10.000 no ensino Médio. Os indígenas cursando o ensino superior estão na sua maioria concentrados na área de saúde e educação, o que deixa claro que após formados tem intenção de voltarem para suas comunidades.

     Mas a representação política deste segmento de brasileiros é quase ausente, seja nos partidos e nas assembleias legislativas das unidades federativas a que pertencem.

     Pelas razões acima expostas é que optei por votar num candidato indígena, um doutorando em educação e militante ativo na defesa dos interesses das comunidades indígenas do Rio Grande do Sul. Meu voto é consciente e qualificado.

* José Antônio Santos Oliveira é colunista independente do Jornal Expresso RS

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